Na atualidade, muitas das Universidades ou os Centros Universitários de “massa”, são
empreendimentos mercantis que representam os interesses de um conjunto de investidores que
esperam, nesse seguimento, encontrar prosperidade a partir da implementação da racionalidade da
produção. Entendem que a escola e a formação profissional são setores produtivos de controle
técnico e, portanto de ações mecanicamente estruturadas. Acreditam que o produto da formação
profissional se define muito mais pela experiência do que pela discussão teórico-prática presente na
formação acadêmica e que a oferta de trabalhadores ou o “exército de reserva” pode definir salários
rebaixados, ou mesmo, relações terceirizadas. Assim, o panorama das atuais relações de trabalho no
ensino superior privado indica um intenso processo de rebaixamento dos salários visto que a lógica
do lucro envolve o barateamento do trabalho do professor. A escola é, ainda, um dos poucos ramos
onde a tecnologia não objetiva plenamente o lucro e, portanto, o desemprego estrutural não se
evidencia com tanto vigor (apesar do dispositivo da educação à distância). Nesse sentido, a
instabilidade nas relações de trabalho do professor pode significar o principal elemento de
acumulação de recursos e definir a rentabilidade plena dos negócios da educação, instabilidade esta
que conta, inclusive com o não cumprimento das determinações da CLT ou das convenções
coletivas de trabalho nos processos de demissão.
No último dia 07 de agosto, formalmente a UNIESP – União das Instituições
Educacionais do Estado de São Paulo, incorporou as Faculdades Teresa Martin se apresentando
como responsável por um empreendimento de sucesso que, em um pouco mais de 6 anos, conseguiu
incorporar 10 Instituições de Ensino Superior.
O discurso de posse foi emblemático visto que o seu dirigente maior, Dr. José Fernando
Pinto da Costa, passou a apresentar a estrutura do empreendimento que dirige, salientando o aporte
financeiro que dispõe, o que permite, neste momento, incorporar novas Instituições de Ensino
Superior e até adquirir um prédio de dimensões significativas que pode sediar o ensino de até
30.000 alunos. O ápice de seu pronunciamento revelou o compromisso explícito com um segmento
político partidário, convidando os presentes a votarem num determinado candidato à presidência da
república, dando a nítida impressão de que seus funcionários deverão estar alinhados com os
princípios partidários que a Instituição apóia.
Esse assédio moral de cunho político partidário significou uma afronta explicita e
indicou, para a maioria dos professores presentes, um nível de compromisso da nova Instituição que
extrapola a mera afinidade com os preceitos políticos e remete a questão para o plano das
conveniências, mesmo porque o nome de representantes do poder executivo do partido em foco era
frequentemente lembrado para explicitar convênios ou mesmo demonstrar vantagens que já há
algum tempo a UNIESP usufrui.
Concretamente, essa nova direção da UNIESP, desconsiderando qualquer processo
consolidado na história das Faculdades Teresa Martin alterou violentamente o cotidiano do
trabalho, demitindo, de imediato, 4 coordenadores de curso (dos 4 coordenadores, 2 tinham mais de
18 anos de trabalho na Instituição) e alguns funcionários. As demissões oficialmente ocorreram a
partir do dia 12 de agosto e, sem considerar a legislação trabalhista, até a presente data (04 de
setembro) nenhum funcionário demitido recebeu as verbas recisórias de praxe estabelecidas por lei
ou convenção. Aqueles que buscaram informações junto ao Departamento Pessoal receberam a notícia de que tais verbas serão “negociadas” e o pagamento “parcelado”, numa explícita alusão de
que direitos trabalhistas também são objetos de negociação. Será que podem ser?
Posteriormente a essa incorporação (UNIESP – Faculdades Teresa Martin), a imprensa
noticiou que o Dr. José Fernando Pinto da Costa, presidente da UNIESP em reunião com o Prefeitos
de São Paulo e Araçatuba: Gilberto Kassab e Jorge Maluly Neto, anunciava a criação da
Universidade do Trabalhador em parceria com a Força Sindical, Instituição que irá atender 30.000
trabalhadores, em prédio próprio, sediado na região central da Cidade de São Paulo.
Tal notícia coloca em evidencia o atual descaso que está submetido o trabalhador neste
país. Uma Central Sindical – Força Sindical é parceira de uma Instituição que em, apenas, 6 anos
consolida um patrimônio de dimensão questionável e se fortalece, entre outros, desrespeitando os
direitos do trabalhador. O “defeito” está na referida Central Sindical, na Instituição parceira ou nos
dois? Pergunta difícil mas que merece ser respondida, desde que a sociedade possa refletir sobre
ela. Por isso a necessidade da denúncia..Julio Zorzenon da Costa
Luís Fernando de Freitas Camargo
Ainda to tentando entender como uma faculdade que responde a tanto processos desfila ao lado de prefeitos e autoridades públicas, se une a forças sindicais chego a me perguntar como sera a relação com a UNE??? Afinal oque a por tras da UNIESP para ter tanto poder....
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